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O NOSSO LUGAR É DEFINIDO POR NÓS

Isis Maria Cunha Lustosa

Marina, não marejou o seu olhar de mulher, de ambientalista e de ministra.

Marina Silva, enfrentou os olhares abjetos no Senado.

Marina, mulher, de cabeça erguida...

Toda, ela, ministra, aguerrida.

Enfrentou!

Ipê-Rosa, brota!

Toda a árvore está florada...

Na capital nacional, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade, a paisagem varia entre o tom roseado e multicolor... Manifestação!

Irei, tão logo a prosa careça, solver Guimarães Rosa.

No friozinho rumo gélido, os Cerrados, bastante devastados no Brasil Central, pouco a pouco são gelados.

Vamos chegar juntos... Aconchega-te!

És tu, junho? Manifestar!

Abre-te, no primeiro dia, com a manifestação nacional, toda ela, contra o Projeto de Lei (PL) 2.159, o PL da Devastação. Momento marcante, no Eixão do Lazer Norte, em Brasília, demostra a figura 1. Também, não deixa de ser, o referido protesto, contrário a mais uma das ofensivas às mulheres, à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

A Mulher Ambientalista e Ministra de Estado, violentamente, destratadas, desrespeitadas, ofendidas no Senado, durante uma participação a convite. Fomos, igualmente, atacadas!

Toca-nos a expressão de Guimarães Rosa – “Um sentir é do sentente, mas outro é do sentidor.”

Aquilo foi o que se chama – audiência pública –, aquela ocorrida há poucos dias atrás na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal? Sessão sinistra naquela casa, de maioria das bancadas insalubres, abancadas no Senado.

Conjecturou-se uma sessão funesta para sepultar a mulher, pois a ministra os contrariava, os senadores intransigentes, exatamente, pelos temas a serem tratados no tocante a região Norte do Brasil. Portanto, havia sido afrontada pelo agressor (senador) a não ser autoridade de Estado respeitada! O político, insuflado por comparsas, bradou durante a sessão: “a mulher merece respeito, a ministra, não.”

Desrespeitada por ser representante – Mulher no Governo Federal. Não apenas por isso! Sabemos...

A mulher MARINA, presente! A ministra, nunca silenciada!

Marina Silva, não emudeceu diante a cúpula ruralista, bastante incomodada, pois o tema da específica Unidade de Conservação (UC) marinha, onde a Petrobras tenciona realizar estudos para extrair petróleo, para eles, a UC é calosidade nas suas botas e arreios. Também, o PL da Devastação, dentre tantos outros temas da agenda ambiental e do clima.

Àquele algoz senador que, em março do ano vigente, ousou desejar, publicamente, a “vontade de enforcá-la" a citada pessoa da ministra. Ele, na tal audiência, atual, insistia nos seus ataques verbais.

Hoje, primeiro de junho, vamos, o nosso recado manifestar, ou seja, ocupar as retas e as curvas das ruas, nas cinco regiões do Brasil. Haverá, sempre, uma mulher em cada canto do nosso lugar de direito – a base de luta, conquista árdua e capacidade formal ou informal – para afirmar que a nós, somente a nós, caberá definirmos: O NOSSO LUGAR. 

Como melodia, Itamar Assumpção e Na Ozetti, "Canto em qualquer canto." 

Cantaremos em todos os cantos do planeta! 

Sorriremos em todos os lugares mundiais! 

Outro senador, não menos atacante, o presidente da comissão referida, sem respeitá-la naquela sórdida audiência, partiu com o tom dissoluto e impositivo: “me respeite ministra, se ponha no seu lugar.” Tentou subordiná-la, embora a forma incerta da frase na nossa língua brasileira. Execrável até na sua oralidade, desprovida de concordância.

Ponha-se! Este, nunca, nunca mesmo, será o nosso verbo em ação. 

Somos, as mulheres brasileiras, presentes, como mais da metade da população do país! É uma referência latino-americana. Este percentual que, não é um índice qualquer, por si só, já faz a nossa presença, também, implicação universal.

O nosso lugar não é na coxia!

O nosso lugar não é embaixo do palco!

O nosso lugar não é ditado por ditadores! 

O nosso lugar ocupa, milimetricamente, cada canto da circunferência da Terra-Mãe.

Não somos abjetas, muito menos objetos a serem colocados, onde algum misógino, racista, pense em poder determinar.

És tu mesmo, junho? Juninar!

Na cultura popular, bem vestido, sem negar os trajes juninos.

Vestimentas luzentes na estamparia chita.

Chapéu ornado, respeitosamente, conforme as origens! Original chapéu de palha.

É variada a chapelaria...

"Sorriam", mulheres!

Mulheres, "sorriam"!

Nossas duras penas vencidas, alicerçadas, nunca serão abolidas por microfone, covardemente, desligado.

A voz de Marina Silva não foi calada, nem será abafado o nosso coro coletivo. Ecoaremos, independe de sonoridade artificial.

Temos as cordas vocais para amplificarmos os nossos graves contra os insultos por meio dos nossos agudos.

As nossas reivindicações SOAM À CAP(ELA).

Junho, és mesmo tu? Festar!

Alavantú (para frente) mulheres na quadrilha junina!!!

Pois bem, mês Seis, desejo que, o animador da quadrilha dançada, nunca ouse em gritar a nenhuma mulher, dama da dança junina, a tal imprópria expressão: "se ponha no seu lugar."

Cada qual, a mulher ali, aqui ou acolá, caso assunte a afronta, até mesmo se no ensaio da quadrilha, enquadrará o tal cabra, no crime que lhe for merecido. 

Pusemos àqueles, ditos e cujos, nos seus lugares, até nos festejos juninos.

Junho, junino, mês santeiro, de arrastar pés nos salões ou terreiros, receba com respeito cada mulher nessa parceria arretada.

Eita!!!

Eita!!! Junho!!!

As mulheres brasileiras, bem ofendidas, àquelas solidárias à ministra, estão que nem fogueira junina: um braseiro!

Inflamem-se tais políticos-ruralistas, a maioria com assentos nas bancadas das duas casas do Congresso. É o que sabem fazer: inflamarem-se nas suas calças e botas invisíveis. 

Explodam-se por si só como os seus fogos, camuflados com estopins danosos!

És tu Tonho, já pronto para a Festa Junina, sem esquecer de acalentar o menino nos braços?

Antônio, àquele do 13 de junho!

Mãos dadas com João do 24 junino...

Aconchegas Pedro, ninguém solta a mão de ninguém na quadrilha festiva. És o São de findar o junho, Pedro pescador.

Em menção às meninas e às mulheres, vítimas de violência... assistam o filme brasileiro, "Manas", dirigido por Marianna Brennand.

A ofensiva à mulher Marina Silva, certamente, já está numa próxima poesia dos poetas e das poetisas cordelistas, dependuradas não para enforcamentos, mas para denunciar os ofensores por meio dos cordões da Literatura de Cordel, pois é chegado junho. Também, dos novos repentes, expoentes dos ataques à ministra.

Sugiro a leitura do Cordel da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340 de 7 de agosto de 2006). Basta, também, de violência doméstica e familiar!

Mulheres não são seres inquilinos de locadores autoritários.

Mulheres são proprietárias de si e dos seus lugares, onde quer que queiram estar.

Se(na)dores, àqueles desrespeitosos, voltem ao (na)da, o que são, os ofensores de ternos e gravatas. Insanos de berço!

Viva, São Antônio!

Viva, São João!

Viva, São Pedro!

Junho, depois das afrontas recentes, dirigidas à mulher, à ministra, a todas nós, carece incluímos algumas Santas a quem rogarmos no junho das manifestações e das festividades.

Rogaremos à Santa Negra, à Nossa Senhora Aparecida!

Até a referida Padroeira Aparecida, do Brasil e de Brasília, está indignada como Mulher Santa, com o grau de ofensas à ministra.

Invocaremos à Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e das Pretas!

Respeitem à Mulher Preta! Respeitem à Preta Mulher!

Recordem-se que, a deputada federal, Maria do Rosário, em 2014, foi insultada tal qual Marina Silva, por meio do reles deputado, político de um projeto só à época. Ele, na tribuna da Câmara, bradava, que não estupraria a deputada “porque ela não merecia”, por considerá-la “muito “feia” e “não faz” seu “tipo”.  Incitação pública ao estupro!   

Evocaremos à Nossa Senhora da Penha. A Lei Maria da Penha, já mencionada, diz o porquê...

JUNHO VIOLETA, convém lembrar: diga não à violência contra a pessoa idosa.

No mês (jun)ho, estaremos mais juntas, pois serão várias causas!

Juntas, sempre!

 

 

Isis Maria Cunha Lustosa

Pesquisadora externa e professora colaboradora – Laboter/IESA/UFG

Membro do Proyecto UBANEX/UBACYT/UBA/FFyL/ICA

isismclustosa12@gmail.com 

 

Ficha bibliográfica:

LUSTOSA, Isis Maria Cunha. O nosso lugar é definido por nós. Territorial – Caderno Eletrônico de Textos, vol. 15, n.17, 4 de junho de 2025. [ISSN 2238-5525].

Categorias: territorial